Por Nazaret Gomes Coca e Gabriela Ruella
O berçário do Alecrim tem uma importância muito grande para todos nós. Estamos conscientes do papel que representam o ambiente e os educadores que rodeiam a criança; de que os bebês são dependentes dos adultos em todos os aspectos; que cada primeira etapa da vida da criança é a base para a constituição física, vital e anímica. Procuramos fazer dessa fase uma época repleta de atenção, amor e cuidados para que eles se sintam seguros e confiantes para dar os primeiros passos na caminhada da vida.
Nada deve ser antecipado. Tudo deve ser vivido ao seu tempo, desenvolvendo a vontade vitalizadora da criança. Num ambiente caloroso, permeado de amor é mais fácil despertar na criança a motivação para crescer e aprender. Esse processo deve ser espontâneo, criando um ritmo diário tranquilo e saudável.
O respeito e valorização da individualidade estão presentes em nosso trabalho, fazendo com que cada criança possa ser recebida dentro de um ambiente que lhe dê liberdade de um movimento, sem excesso de estímulos externos que lhe desviem a atenção da percepção do seu próprio corpo em movimento e um espaço adequado com proteção e aconchego. É fundamental que a criança sinta que está sendo cuidada por adultos com interesse em seu desenvolvimento, criando uma relação afetiva intensa entre ela e os educadores.
Buscamos orientar o nosso trabalho tendo como base, os estudos feitos por , Emmi Pikler, Beatriz Padovan e Rudolf Steiner (Andar, falar e pensar )- Ed. Antroposófica.
Formar crianças com iniciativa própria, equilíbrio é muita alegria é o nosso objetivo.
Temos certeza que através desta visão podemos gerar uma energia harmônica em seu desenvolvimento, além de se tornarem crianças plenas de autoconfiança, vontade própria, perseverança, inteligência e equilíbrio emocional.
Uma pessoa especial: O bebê
Sempre que observamos um bebê, nos surpreendemos com o seu desenvolvimento físico que é muito rápido, e relacionamos seu crescimento e com o ritmo do sono.
Porém, olhar para o pequenino somente sob este aspecto é limitar seu desenvolvimento às forças da natureza, como se ela fosse apenas um ser natural que responde às leis orgânicas.
Dirigir um olhar dedicado ao bebê é interessar- se pelo ser humano no início do processo de formação e aprendizagem; é transcender as forças naturais que o envolvem, reconhecendo a presença da vida anímica que o impulsiona a crescer.
Não há dúvida que o alimento e o sono são fatores essenciais para que a saúde do bebê, mas tudo o que faz para o seu filho em virtude do seu amor por ele entra como alimento e irá favorecer seu desenvolvimento integral.
Por exemplo nos primeiros dias de vida, o corpo do bebê não consegue regular a variação de temperatura, por isso é importante mantê-lo aquecido; apenas o calor das mantas não bastam, ele necessita de calor físico e anímico, até que o sentido térmico esteja regularizado.
É assim, sucessivamente, vários acontecimentos acompanham a vida do bebê, até o momento que ele inicia uma certa troca em relação ao mundo, e é esse momento que vamos focar: quando o bebê já mostra através de suas reações, que a vida anímica está se intensificando e se manifestando de maneira encantadora.
Imagine o bebê com aproximadamente 8 meses. Ele é alegre e demonstra sua felicidade com todo o seu corpo: quando vê um objeto quer agarrá-lo e fará tudo para conseguí-lo. Ao fazê-lo, levará o objeto a boca como se estivesse “saboreando- o”. Com seu gesto, ele está experimentando o mundo externo. Logo depois o solta e se interessa por outro objeto.
Aquela primeira excitação que antecede o contato com o objeto é tranquilizadora no momento em que pode explorá-lo e “colocá-lo dentro de si”, ele saboreia o mundo e passa a “conhecê-lo”.
Desta forma, o mundo externo vai sendo absorvido, como todos os sentidos, e o bebê inicia seu processo de “aprender” o mundo a sua volta. Através dessas vivências exploratórias, ela forma conceitos, desenvolve o pensar, cria o mundo dentro de si e aprender.
Outras formas de aprendizagem começam a acontecer, por exemplo, se o objeto que aparece à sua frente for uma colher, ele levará à boca, mesmo vazia. E se a mãe estiver ali interagindo, ele poderá ofertar a colher a mãe. Ele está imitando atos da vida de forma inconsciente e repetirá a experiência de “vislumbre do brincar”, daquele faz de conta que se inicia com a imitação e mais tarde (por volta dos 4 anos), é enriquecida pela fantasia.
É um novo elemento que nos aponta para a presença da vida imaginativa que floresce de modo imitativo, sem consciência, sem intenção. Em minutos, a colher passa a servir para fazer barulho ou para jogá-la longe. Então, reconhecemos que aquele “vislumbre do brincar” voltou a ser o prolongamento de seus movimentos corporais, ainda sem controle que o bebê executa com alegria: “o movimento pelo movimento”.
Essas experiências são um acontecimento completo, com começo, meio e fim, e respeitam um ritmo: ver a colher, agarrá-la, colocá-na boca, imitando uma atitude já vivenciada, e depois jogá-la longe.
Quando o adulto não está disponível e atento a reconhecer esse processo, pode tirar a oportunidade da criança viver um ciclo completo e rítmico sem suas atitudes exploratórios, que levariam o “pequeno aprendiz” a se enriquecer com suas descobertas. O pequeno anseia pela vida e irá ao encontro dela, se o adulto permitir.
Essas experiências simples são o início da interiorização ao mundo externo, que só reconhecemos com evidências bem mais tarde, quando as crianças brincam e realizam suas tarefas.
É um longo processo de aprendizagem, um caminho de descobertas e desafios que não cessa nunca, porque todos nós ansiamos constantemente pela vida.
Nazaret da conceição Gomes Coca (Tia Naná)
Coordenadora Pedagógica do Berçário Alecrim Dourado com larga experiência em Educação Infantil, especialista na Pedagogia Waldorf.
Gabriela Ruella
Professora Waldorf especializada em Educação Infantil e auxiliar da coordenação pedagógica do Berçário Alecrim Dourado.
www.alecrimdourado.com.br
Escola Waldorf Alecrim Dourado
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