Por Natasha Teixeira
Sempre fui bicho de livro, curiosa e daquelas que tudo queriam saber. Adorava, desde cedo, trocar uma brincadeira por alguma leitura. Acho que sempre existiu - e ainda existe - uma inquietação por apreender coisas e saberes que mais nova, eu não conseguia dar nome. Hoje traduzo essa ânsia numa busca incessante pelo meu caminho do coração: o caminho que bate, ressoa, faz e dá sentido à minha existência.
Nessa busca aprendi a direcionar meu olhar para o todo, a entender que cada ser humano é único, que vive, se alegra e sente dor de maneira também única.
Como psicóloga há quase 20 anos, tento sempre aprender algo novo para oferecer àqueles que chegam até mim. Nesse trabalho de acolher a dor do outro, percebi que a arte aparecia muitas vezes como um suporte importante em momentos limítrofes.
E percebi como a música, especialmente, se fazia bem presente nesse lugar de sustentação. Já escutei várias vezes que não existe pessoa na Terra que não goste de música, e suponho que seja verdade.
Pois bem, sendo eu essa buscadora e procurando mais uma ferramenta para oferecer às pessoas que enfrentam processos de perda (que às vezes palavra nenhuma dá conta de expressar ou confortar) encontrei no Som aquilo que fazia meu coração ressoar e de quebra, aprendi que era possível usá-lo de forma terapêutica.
O Som é como água de rio: flui e desvia dos obstáculos que encontra pelo caminho. Somos basicamente água e gosto muito de imaginar o Som, o Bom Som percorrendo nossos corpos e apontando cada pedra, cada tronco caído, cada barragem-barreira que existe dentro de nós. Porque é assim que o Som age: ele aponta estes lugares onde existem obstáculos e nos ajuda a perceber que os contratempos, dores, mágoas estão ali, mas que podem ser transpostos, transformados e ressignificados.
Neste estilo de vida urbano que muitos de nós vivemos, deixamos muitas pedras, muitos troncos interrompendo o ritmo natural que nossos rios deveriam ter. Os afazeres do dia a dia, a impessoalidade, os automatismos, nos levam a uma falta de presença em nós mesmos. Esse distanciamento de nós nos adoece, invariavelmente.
Esse adoecer pode se traduzir de maneira física, mental, emocional. Adoecemos também no nosso querer. Muitos estamos há tanto tempo presos neste modelo enrijecido de viver que nem percebemos onde está nosso querer: trabalho, família, casa, relações impessoais consomem todo o tempo e nós, o eu quero acaba sendo soterrado em algum lugar pelo caminho.
O processo de reencontro e de poder curativo passa necessariamente por um lugar de olhar a si mesmo. E esse reencontro passa a ser terapêutico a partir do momento em que encontramos o nosso ritmo natural; único, pessoal e intransferível. A Natureza que nos cerca - terra, água, ar, fogo, éter - nos mostra e nos lembra que somos parte desse ciclo, desse lugar, e que encontrar nosso ritmo nos alinha, nos reintegra quase que instantaneamente.
Eu trabalho com e através de instrumentos ligados à Natureza, para que o Som deles se encontrem com os nossos sons internos e nos lembrem de quem somos realmente.
Com profunda gratidão, amor e alegria, nos dias 05 e 06 de março de 2021, teremos um encontro especial para Mulheres onde faremos uma Harmonização Sonora para abrir espaço para que cada uma possa entrar em contato com seu próprio som (que eu tenho certeza que é lindo!).
Natasha Janny Teixeira
Buscadora no início do 7° Setênio.
Psicóloga fenomenológica-existencial. Especialista em Cuidados Paliativos e Terapia de Dor, com ênfase em doenças crônicas, luto e prevenção do suicído.
Terapeuta do Som (sim, escrevo Som com letra maiúscula), praticante e estudante de Nāda Yoga (yoga da vibração) e reikiana.
Meu trabalho é acolher pessoas.
Café é meu guru.
Instagram: @psicosonora
コメント